quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tingir os cabelos durante a gravidez ainda é tema polêmico; veja a opinião dos especialistas

Grávidas enfrentam o dilema da coloração: é preciso ter o aval dos médicos para manter a cor dos cabelos em dia durante a gestação
Grávidas enfrentam o dilema da coloração: é preciso ter o aval dos médicos para manter a cor dos cabelos em dia durante a gestação

Tingir os cabelos na gravidez é sempre um assunto polêmico. De fato, é uma questão que divide a opinião dos especialistas. De um lado, os médicos que confiam nas fórmulas modernas, consideradas mais seguras, e defendem a teoria de que não há nada que comprove os riscos relacionados à tintura. De outro, os profissionais que preferem prevenir do que remediar, literalmente, por isso são contra esse nível de vaidade.

Mas nesse fogo cruzado, as duas vertentes concordam em um ponto: não se deve fazer uso de qualquer produto químico nos três primeiros meses de gestação, nem mesmo os considerados menos agressivos, como tonalizantes e henna. Passado esse período – que requer 100% de cautela e de distância das caixinhas de tinturas – a partir do quarto mês cada gestante deve seguir a orientação de seu ginecologista.

Argumentos a favor
“A maioria das tinturas não causa nenhum mal. Produtos sintéticos, sem efeitos colaterais, são usados para dar o mesmo efeito que se tinha antes, usando metais pesados e amônia. Mas é melhor evitar antes do primeiro trimestre de gestação”, diz o dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo, Valcinir Bedin. Concorda com o colega, o ginecologista e obstetra Luiz Roberto Zitron, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. “Não há mais riscos, principalmente se for de marca conhecida, porém é bom evitar até o terceiro mês de gravidez, quando ocorre a formação do bebê e 20% dos abortamentos, fato que poderia relacionar o problema com a coloração”, acredita o médico.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) comprova a teoria dos especialistas. “Todas as substânciaspassam por um controle.Existe um limite de segurança para as concentrações. Aqui no Brasil esse controle é prévio, antes de comercializar a ANVISA avalia e se tiver concentração acima dos níveis seguros não é dado o registro”, explica a farmacêutica Érica França, especialista em vigilância sanitária.

“Mas a ANVISA não recomenda o uso de colorações por gestantes porque não se pode prever o nível de absorção das substâncias nocivas pelo organismo, mesmo em doses baixas. Ouvir a orientação do médico é a melhor conduta”, ressalta Érica.

 Argumentos contra

 “Gravidez não é eterna, não custa nada fazer um sacrifício. Nesse período a vida deve ser normal, mas com bom senso”, diz o ginecologista e obstetra Lister de Macedo Leandro, professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que levanta a bandeira de que nessa fase todo cuidado é pouco. “Até o terceiro mês não se deve usar nem tonalizante e henna, porque não temos certeza de que não são nocivos. Tudo que se tem dúvida é proibido, por segurança.

Coloração permanente é proibida até a hora do parto”, enfatiza o médico. “Amônia é perigoso, qualquer contato com essa substância é arriscado. A partir do quarto mês, libero henna e tonalizante e nos casos em que a gestante quer muito, eu permito que ela faça mechas, mas sem tocar no couro cabeludo”, relata Lister, evidenciando que esses cuidados devem fazer parte da rotina também durante a amamentação.

Para ele, a vida da mulher só volta ao normal quando o bebê estiver com seis meses, época em que ele libera a coloração permanente. “É coerente e seguro considerar tantas mudanças fisiológicas que acontecem na gravidez. A gestante, assim como o feto, não deve se expor a qualquer tipo de risco ou grau de irritabilidade excessivo”, acredita o técnico químico Celso Martins Júnior, diretor da Associação Brasileira de Cosmetologia.

 Alisamento

Além das colorações, outro procedimento cada vez mais comum entre as mulheres, que assombra os médicos, com unanimidade, são os alisamentos à base de formol. “Basta lembrar que é proibido”, resume Valcinir Bedin. “O uso de formol pode ser fatal. Mesmo se a equipe do salão insistir que o alisamento deles é sem formol, a mulher não deve aceitar fazer, pois as substâncias que supostamente fazem o papel do formol também são extremamente nocivas.

A gestante tem que ouvir a opinião do médico, não do cabeleireiro”, destaca Lister de Macedo Leandro. Vale lembrar que o fato do salão comunicar que não tem formol não é garantia de não ter realmente.

Palavra das Marcas

Questionadas por "UOL Estilo", as marcas gigantes do mercado de coloração – L’Oréal e Wella – responderam que não recomendam coloração permanente para gestantes. Em relação aos tonalizantes, consideradas colorações temporárias e mais leves, as duas empresas também têm o mesmo posicionamento: todo produto químico utilizado por gestantes deve ser autorizado pelo médico. Em se tratando de gravidez, cautela, nunca é demais – até mesmo a Surya Brasil, líder do segmento de henna no país, recomenda que a gestante faça uso dessa categoria de coloração apenas com autorização médica.



Por: ISABELA LEAL
Colaboração para o UOL

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